Após a Polícia Federal (PF) identificar um desvio de R$ 6,8 milhões relacionado à venda de joias, o ex-presidente Jair Bolsonaro negou ter orquestrado uma "operação clandestina" para reaver os itens e levantou a tese de "arrependimento eficaz". Bolsonaro argumentou a pessoas próximas que o relatório que o incrimina se baseia principalmente na palavra do delator Mauro Cid, sem provas concretas das movimentações financeiras. Ele afirmou não ver irregularidade na recompra dos presentes negociados nos Estados Unidos, justificando que os itens foram recuperados para cumprir uma determinação do Tribunal de Contas da União (TCU), de março de 2023, que exigia a devolução dos objetos. Segundo Bolsonaro, antes dessa decisão, as regras sobre presentes recebidos permitiam diferentes interpretações, e a recompra dos itens se encaixaria no conceito jurídico de "arrependimento eficaz", previsto no artigo 15 do Código Penal, que permite a exclusão da pena se o agente impede a concretização do crime.
Entretanto, integrantes da Polícia Federal que investigaram o caso das joias têm uma visão diferente. O delegado Fábio Shor afirmou que houve uma "operação clandestina" promovida pelo entorno de Bolsonaro para obstruir as investigações e disfarçar o suposto esquema criminoso. A PF indicou que as movimentações financeiras foram realizadas em dinheiro vivo, o que dificulta o rastreamento. Ao todo, 11 pessoas foram indiciadas pela Polícia Federal. Fontes da Procuradoria-Geral da República (PGR), liderada por Paulo Gonet, indicaram que a maioria dos indiciados, incluindo Bolsonaro, será denunciada. Dada a relevância do caso, espera-se que o julgamento do ex-presidente seja levado ao plenário do Supremo Tribunal Federal, com a participação dos 11 ministros da Corte.
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